Lançamento de Mães com Humores

Existe uma Super Mulher de quem ninguém fala… muito menos ela mesma! Nesse mês de março que se celebra (ainda mais) as mulheres com o Dia Internacional da Mulher no dia 8, vemos e escutamos histórias lindas de mulheres guerreiras, de superação, entrega e muito amor. Mas existem por aí umas Super Mulheres de quem ninguém fala e muito menos elas se dariam este reconhecimento: as mães cuja saúde mental é afetada, as mães que sofrem de transtornos do humor que são a depressão e o transtorno bipolar. E justamente nesse mês de março no dia 30 comemoramos o Dia Mundial do Transtorno Bipolar.
Como se dar um título desse quando seu cotidiano é muitas vezes marcado por isolamento, vergonha, culpa, frustração, rejeição e muito sofrimento? Quando você mal se aceita como ser humano algumas vezes?
Doenças mentais são rodeadas de estigma, preconceitos, tabus e medos.

Não precisa passar por tudo isso sozinha, junta-se a nosso grupo de apoio!

Só que essa mãe sofreu que nem toda mãe no parto e puerpério (pós-parto) mas com consequências mais drásticas. Não estou falando do sofrimento físico, que também existe, estou falando dessa tempestade emocional que é se tornar mãe, como todo muda na sua cabeça e ao seu redor e por mais que você achou que estava preparada, só vivendo para saber como transforma. Imagina se os hormônios perturbam grávidas e novas mães, o que eles não fazem numa mãe cuja doença é exatamente a doença da instabilidade do humor… Mas o pior é a privação de sono, que é um dos piores gatilhos para uma crise no transtorno do humor (episódio de mania ou de depressão). Como se cuidar quando existe esse serzinho que precisa da gente?

Ouvi vários relatos de mães com depressão pós-parto, com psicose puerperal, com descompensação no transtorno bipolar, e para algumas elas descobrem nessa fase que são portadoras de um transtorno do humor, depressão ou transtorno bipolar, que são doenças mentais crônicas que afetam fisicamente, emocionalmente, cognitivamente e socialmente. Várias mães passam até por internação, com separação física de seu bebê. Aquela vergonha e frustração de passar mal no pós-parto quando você está supostamente no melhor momento de sua vida. Realidade versus expectativas: dolorosa… E mesmo depois do puerpério, ser mãe é difícil todo dia, então conviver com altos e baixos exagerados não facilita.
Muitas mães com transtorno do humor não se reconhecem como Super Mulheres porque:

  1. Sofrem de falta de aceitação da doença e de quem elas são por completo. A aceitação é um processo que demanda tempo e trabalho psicológico sobre si;
  2. Sofrem de comportamentos patológicos como baixa autoestima e culpa;
  3. Alteração da percepção com viés negativo é um dos sintomas da própria depressão;
  4. Alterações cognitivas fazem também parte do quadro;
  5. Morrem de medo de passar a doença para seus filhos. O transtorno bipolar por exemplo tem até 80% de origem biológica/ causa genética.

    Mas a propensão genética não é tudo, o contexto, os comportamentos e a personalidade vão influenciar o desenvolvimento ou não de um transtorno do humor. E mesmo com a doença diagnosticada, há tratamentos que funcionam para estabilizar. Vale lembrar que os transtornos do humor não têm cura, mas pode-se chegar a estabilidade com os tratamentos e apoios complementares seguintes:

    1. Tratamento medicamentoso: é importante estabelecer uma relação de confiança com o psiquiatra para ter adesão ao tratamento;

    2. Apoio psicológico (psicoterapia) e trabalho sobre si para se conhecer e se cuidar (conhecer a doença, seus sintomas e manifestações, identificar seus gatilhos, desenvolver estratégias de autocuidado);

    3. Estratégias de suporte passando por uma higiene de vida controlada(respeito do ciclo do sono, alimentação equilibrada, prática de atividade física), uma rede de apoio em casa e fora (amigos, grupos de apoio, espiritualidade).

    Ser mãe com transtorno do humor é uma luta diária, é aceitar que precisa estar bem para poder cuidar do outro, mesmo dos filhos. É confiar que o amor é mais forte e que tudo passa, mesmo quando estamos no fundo do poço.
    Esse é um tributo a elas, um tributo a minha própria mãe (que foi diagnosticada com transtorno do humor há apenas 5 anos) e um tributo a mim (fui diagnosticada com transtorno bipolar há 10 anos mas só realizei minha jornada de aceitação e autocuidado depois do nascimento da minha filha). Se você se sentiu tocado/a pela causa, compartilhe. Essas mães não precisam enfrentar tudo sozinhas!

    Para lutar contra o isolamento e falta de informações ao redor da saúde mental materna, nasce o Mães com Humor(es), um canal de divulgação de informação e um grupo de apoio para mães com transtornos do humor (depressão ou transtorno bipolar). Intenciona ser um grupo de acolhimento, suporte, troca de experiências e dicas.

    Participe e cocrie esse grupo de apoio conosco.
    CLIQUE AQUI PARA ENTRAR NO GRUPO

    Para outras dúvidas, entre em contato com contato@maescomhumores.com.br

    Siga-nos no Instagram
    @maescomhumores 

por Christelle Maillet, 6 de fevereiro de 2020

Este texto foi orginalmente publicado em Março de 2019, na plataforma Medium.